sexta-feira, 14 de janeiro de 2022


Alcobaça: Terra do 'Seductor Provocante"

Alcobaça -  Vista Parcial

"Parece que o castello fôra construcção dos godos no sexto ou sétimo século, e que os arabes o reedificaram em 716; ficava n'um outeiro, dominando a villa *), formando com o castello de Leiria, de Pombal, e d'Óbidos, uma linha avançada de fortificações para proteger Lisboa e Santarem, que eram as duas cabeças de toda a moirama da Extremadura. Os arabes, quando reedificaram o castello, deram-lhe o nome de Al-carcer-ben-el-Abbaci, por ser o nome d'uma porta da cidade de Marrocos. D.Affonso Henriques tomou-o em 1147, mas os arabes conseguiram reconquistal-o em 1191 ou 1195, e arasaram-no. D.Sancho I tornou a reconquistal-o. No anno de 1422, um terramoto destruiu-lhe uma das torres, que D. João I mandou edificar, permittindo ao abbade do mosteiro, então D. João d'Ornellas, que lançasse um tributo aos povos da sua freguesia para ajuda das obras. O castello perdeu depois toda a importância militar, com a transformação introduzida na guerra pela invenção da artilharia. Hoje conservam-se apenas algumas ruinas e a tradição lendária do alcaide arabe Almansor, o seductor provocante que se conserva ali encantado, e seduz as raparigas que se aventuram a passar junto das ruinas proximo da noite, fascinando-as com seu canto attrahente, arrastando-as para um palacio subterraneo, onde ficam em eterno captiveiro".

Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues,
in "PORTUGAL - Diccionario Historico, Chorographico, Heraldico, Biographico, Bibliographico, Numismatico e Artistico" -
- vol.I, pág.162 - João Romano Torres & C.ª - Lisboa, 1904

quinta-feira, 13 de janeiro de 2022


Já não Posso Trocar a Varinha Mágica...

Talvez por o assunto principal dizer respeito a poucos, parece ter conseguido passar sem grande celeuma o acórdão do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) que, uniformizando jurisprudência, decidiu que o cliente não tem o direito de reclamar por o produto não obedecer às características publicitadas pelo fornecedor, a menos que demonstre que, se conhecesse aquela que alega como determinante da compra, não teria efetuado o negócio.

Foi, precisamente, isto que o douto Tribunal decidiu quanto ao caso dos lesados do BPN, como aqui já referi, assim abrindo a porta a que qualquer fornecedor de eletrodomésticos se recuse a aceitar de volta algo tão insignificante como uma varinha mágica que, afinal, não tritura amêndoas, como dizia no anúncio, ou tão complicado como uma máquina de lavar e secar que, afinal, não seca.

Curiosamente, não vejo qualquer clamor público por parte de associações de defesa do consumidor, embora esteja em causa a violação de direitos constitucionais. Também não li sobre eventuais recursos para o Tribunal Constitucional.

Como se esperará que alguém demonstre o que lhe ia no espírito no momento da compra? Com que legitimidade vem o Tribunal exigir uma prova que será quase sempre impossível de produzir? Com decisões deste calibre, como poderá dizer-se que se prossegue a paz social?

Será que anda tudo tão entretido com a habitual politiquice que antecede os atos eleitorais que só vai acordar e reagir quando as coisas começarem a acontecer?

Ou seja, quando alguém com capacidade de intervenção, tendo sido vítima de publicidade enganosa, se vir obrigado a ficar com algo que não queria ter encomendado e depois não vai poder devolver?

Aguardemos para ver...

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022


Charles Chaplin

Charles Chaplin about life
 A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios.
Por isso, canta, grita, dança ri e vive intensamente,
antes que a cortina caia e a peça termine sem aplausos"

"Life is a play that does not allow testing.
So, sing, cry, dance, laugh and live intensely, before the curtain closes and the piece ends with no applause
"

  Charles Chaplin *)  
("Interviews") 

terça-feira, 11 de janeiro de 2022


Golpe de Mestre... Falhado. No PCP

Exaurido até ao limite das suas forças, o Partido Comunista Português (PCP) teve a brilhante ideia de auto-limitar a sua participação nos debates televisivos aos agendados para canal aberto, por, alega, considerar discriminatória a forma como foi feito o respetivo planeamento.

Contando, para os frente-a-frente, apenas com um secretário-geral desgastado, fatigado, aparentemente desinteressado da luta política que vá além da eterna e estafada cassette, lá encontrou o Partido esta saída airosa que, depois da inevitável derrota na hora da verdade, sempre lhe permitirá invocar a redução da exposição televisiva, atirando a culpa para terceiros - deliberada e convenientemente se esquecendo do facto de a exposição ter sido ainda menor por culpa própria - e procurando assim, debalde, justificar a magreza do escanzelado resultado que as sondagens - e a lógica, se alguma existe nestas andanças - lhe preconizam.

Como resultado desta opção, o Partido pensou, por outro lado, garantir que o debilitado Secretário-Geral apenas iria debater com velhos soldados - o Secretário-Geral do Partido Socialista e o Presidente do Partido Social Democrata -, o que, à partida, o pouparia a ataques frontais e violentos dos mais jovens cabecilhas de forças incipientes, ou mais radicais, ou também elas em vias de extinção parlamentar.

O primeiro embate, porém, demonstrou que se enganou, já que o atual Primeiro-Ministro simplesmente cilindrou, sem dó nem piedade, o companheiro de longa data que ousara dar a estocada final na precária mas tão necessária estabilidade governativa.

O que reservará, amanhã, ao previsível Secretário-Geral do PCP, o imprevisível Presidente do PSD?

Se é que ainda existe PSD...





Em pleno século XXI, que razão poderá, ainda, encontrar-se para a subsistência de um partido que, assumidamente, admira e advoga os princípios da teoria soviética dos primórdios do século passado?

LEIA AQUI

uma análise objetiva sobre o PCP dos nossos dias
e o processo entrópico em que mergulhou




O futuro tem Partido,
ou não há futuro para o Partido?

segunda-feira, 10 de janeiro de 2022


Luso: Grande Hotel das Termas

Grande Hotel das Termas do Luso

Hotel tradicional*), desenhado por Cassiano Branco*),
ex-libris das termas bem conhecidas pela Água do Luso*), uma das mais antigas engarrafadas em Portugal.

Resta esperar que os hóspedes que hoje o frequentam se não pareçam com alguns que apenas envergonham a oferta turística, tão essencial à saúde da economia nacional.


Outro tema que poderá interessar-lhe no Mosaicos em Português:
- O triste espetáculo que nos é proporcionado sobre quem não sabe estar à mesa Veja AQUI


domingo, 9 de janeiro de 2022


Vamos à Bruxa? Que Emoção!


Elaborando um pouco sobre o anúncio da 'poderosa e competente' Dona Maria com que ilustrei o artigo do passado dia 8, qualquer de nós não deixará de notar, naquela coisa, aspetos curiosos que, lamentavelmente, não parecem merecer a atenção, quer de organizações das quais se esperaria que defendessem os interesses dos seus fiéis ou associados, quer dos poderes públicos mandatados para a defesa da lei e da ordem.

Não existindo, que se saiba, qualquer imagem autenticada e fidedigna de Jesus Cristo, dúvidas não poderão, porém, restar quanto ao facto de a ele se pretender associar a figura representada naquele miserável panfleto em que se publicita os serviços de uma 'famosa senhora de poderes naturais e sobrenaturais', seja lá isso o que for; e, até, 'divinos', o que pouca margem deixa quanto ao propósito de se recorrer a uma alegada e fraudulenta relação com a Divindade cuja imagem é representada no panfleto. Mesmo porque a penúltima linha expressamente a nomeia, numa saudação de paz...

Não obstante, a Igreja Católica parece indiferente a estes despudorados aproveitamentos tendentes a cobrar chorudos honorários vendendo o que não existe e tendo como veículo a crendice e a ignorância de muitos dos nossos concidadãos; ou com eles não sabe lidar, preferindo continuar a assistir à disputa entre a Senhora de Fátima e as bruxas, como aqui, a este propósito, já referi.

Por outro lado, e não menos surpreendentemente, os médicos parecem conformados com a concorrência ilícita - e contraproducente para aqueles de cuja saúde lhes compete cuidar - por parte de quem chama, aos potenciais pagadores, 'Querido Paciente' e refere, além dos tais poderes, um aprofundamento de conhecimentos, necessariamente na área da saúde, ou não designaria por paciente os incautos que lá irão parar.

Não obstante, e tal como acontece com a passividade eclesiástica, a Ordem dos Médicos parece dedicar às Donas Marias desta terrinha um desprezo altivo, de efeito nenhum no combate a esta variante da banha da cobra de cariz popular.

Note-se que a pessoa em questão - e, como ela, tantas outras... -, não apenas se arroga infalíveis e especialíssimos poderes curativos, como se propõe comercializar, está-se mesmo a ver que  mediante a emissão de fatura e recibo, 'poderosos talismãs para si e para a sua casa que lhe darão toda a sorte em menos de quinze dias terá todos os seus problemas resolvidos'.

Atentos os valores astronómicos de que a comunicação social vem dando presumivelmente rigorosa notícia, parece claro estarmos em presença de crimes de burla, alguns deles de valor elevado, para os quais, dada a aparente inércia das autoridades judiciárias e fiscais, talvez a Igreja e a Ordem pudessem ter algum papel relevante ao pressioná-las, se não no interesse das próprias organizações, pelo menos como ato de intervenção cívica elementar nas respetivas áreas de atuação.

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Será que investigar, devidamente, este tipo de crime de colarinho pardacento é considerado pouco meritório por quem com coisas mais mediáticas tem com que se entreter? Serão as Donas Marias e seus equivalentes masculinos - como, com as devidas adaptações, o célebre Padre Gama*) - já tantos, mas tantos, que rapidamente tornariam insuportável a vida nas já sobrelotadas cadeias?

Seria interessante conhecer algumas respostas, já que o problema existe com 'consultas em todo o País', não é uma mistificação.

Agora, a minha vida vai começar a correr mal, cheio que vou ficar de alfinetes espetados num boneco, como mais que merecida e justa retaliação.

* *

Existem, no entanto, certas amplamente disseminadas formas de adivinhação que apresentam, nos fundamentos, alguma base científica e lógica e que, por isso mesmo, são merecedores de um escrutínio atento, da nossa maior atenção.

(leia aqui o desenvolvimento)