"Razões fortes, compromissos claros".
Esta mensagem num cartaz do Bloco de Esquerda terá provocado na rede social
Twiter, a mensagem "A dicotomia claro/escuro no discurso político já mudava" *).
Salvo o devido respeito, a imbecilidade da coisa apenas é comparável à
manifesta ignorância vocabular de quem a produziu, bem como à pobreza
gramatical evidenciada pela construção frásica pseudo-moderna e
pseudo-progressista do já seguido do pretérito imperfeito do
indicativo pretendendo significar que já se poderia isto ou aquilo
(neste caso, já mudava, em lugar da expressão correta
já se poderia mudar. Ou, na forma popular, já se podia mudar).
Claro, significando evidente, preciso nada tem, em sentido estrito, a
ver com claro, no sentido de luminoso, pouco escuro. O adjetivo é
o mesmo, mas a utilização que dele é feita num e noutro caso quase as torna
palavras homónimas, apenas o não sendo na medida em que a classificação
gramatical é a mesma.
Não há, assim, como considerar que se trata de um ataque aos ideais
anti-racistas, mais a mais vindo de quem vem. Não passa de uma patetice, de
uma alarvidade, da tentativa desesperada de quem politicamente se arrisca a
desaparecer para manter um protagonismo que não merece, se é que alguma vez
mereceu.
- x -
O aproveitamento abusivo de tudo quanto cai ao alcance dos nossos olhos para o
distorcer, para o enviesar à medida da conveniência de uma causa ou
argumentação a ele completamente alheia apenas tem como resultado imediato a
evidenciação do vazio daquilo que se defende e da fundamentação de suporte que
temos para lhe oferecer. No presente incidente, apenas serve para menorizar a
nobre causa do racismo, que, é caso para dizer, bem melhores defensores
poderia merecer.
Alguém me dizia, há tempos, que para se obter um grau de mestre ou de doutor é
mais necessária capacidade de trabalho do que inteligência. Dir-se-ia que
alguns parecem profundamente empenhados em o demonstrar...
Se certos doutorados que por aí há trabalharam ou não, jamais saberei. Mas da
oligofrenia que caracteriza algumas das suas afirmações não será difícil
convencer.
Outros artigos polémicos sobre POLÍTICA estão disponíveis no correspondente separador no topo desta página. NÃO PERCA! |