Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues,
"Pov. e freg. de S. Miguel, da prov. do Minho, conc. e com. de V. N. de
Famalicão, distr. e arceb. de Braga; 77 fog. e 210 hab. Tem esc. do sexo
masc. e está situada a 4 k. da margem direita do rio Ave e a 6 da séde do
conc. A terra é fértil e cria muito gado bovino, que exporta para
Inglaterra. Pertence á 13.ª div. mil. e ao distr. de recrut. e res. n.º 8,
com a séde em Braga. Era n'esta pov. a quinta de S. Miguel de Seide, onde
durante muitos annos residiu o grande romancista Camillo Castello Branco,
visconde de Correia Botelho, e foi alli que elle se suicidou em junho de
1890 ".
Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues,
in "PORTUGAL - Diccionario Historico, Chorographico, Heraldico,
Biographico, Bibliographico, Numismatico e Artistico" -
- vol.VI, pág.785 - João Romano Torres & C.ª - Lisboa, 1912
Para os que ainda são do tempo em que um motel era uma unidade de alojamento,
aqui fica um postal com algumas imagens do atual INATEL Oeiras
quando ainda se chamava
Motel Continental
"A pov. é muito antiga, mas não se sabe quando foi fundada, nem o nome do fundador, desconhecendo-se também a data em que se formou a parochia (...).
Oeiras era apenas uma aldeia, grande e muito bem situada. Em 6 de junho de 1759 D. José I, elevando o seu primeiro ministro, Sebastião José de Carvalho e Mello, a conde de Oeiras de juro e herdade, e seus irmãos a secretários de Estado, deu a esta povoação a categoria de villa, por um alvará passado logo no dia seguinte, 7 de junho. Desde então começou para a nova villa uma epoca de esplendor e desenvolvimento, mas por morte do seu primeiro conde, mais tarde marquez de Pombal, ficou estacionaria. O referido monarcha deu foral a Oeiras, no paço d'Ajuda, a 25 de setembro de 1760. Esta villa é das poucas terras portuguesas que têm foral novissimo, isto é, dado pelos successores d'el-rei D. Manuel(...).
A praia de Oeiras é bastante concorrida na estação balnear por familias de Lisboa e d'outras localidades. À beira mar formou-se ha poucos annos uma nova estancia balnear muito aprazivel, chamada Santo Amaro. Tem-se edificado ali ultimamente elegantes chalets, e tem estação na linha de caminho de ferro de Cascaes, que fica entre as de Paço d'Arcos e Oeiras (...).
El-rei D. José, no verão dos annos de 1775 e 1776, habitou com toda a côrte n'aquelle majestoso palacio [da quinta "que se prolonga do Norte ao Sul"] para poder fazer uso todos os dias dos banhos do Estoril, que ficavam próximos. O marquez de Pombal, titulo que já havia recebido em setembro de 1769, aproveitou a permanência do monarcha no seu palácio, ne epocha mencionada, para lhe offerecer um espectaculo, fazendo-lhe vêr os resultados praticos das sabias reformas empreendidas no seu reinado, e mostrar aos portugueses e aos estrangeiros os progressos que Portugal fizera e os recursos que a sus industria promettia, respondendo assim com factos demonstrativos da prosperidade publica ás accusações e calumnias dos inimigos. Determinou então que se fizesse em Oeiras uma grande feira, onde concorressem productos de todos os generos da industria fabril portugueza, e para este fim foram enviadas circulares ás autoridades de todas as provincias do reino, ordenando que intimassem os donos da fabricas a virem armar barracas em Oeiras, e n'ellas expuzessem á venda os diversos productos da sua industria. Ninguem faltou á intimação, e a feira teve um exito completo, que foi uma verdadeira exposição de tudo quanto se fabricava então em Portugal, e assim teve a villa d'Oeiras a honra de vêr dentro dos seus muros a primeira exposição industrial que se realisou em Portugal, e provavelmente a primeira que se effetuou na Europa".
Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues,
in "PORTUGAL - Diccionario Historico, Chorographico, Heraldico, Biographico, Bibliographico, Numismatico e Artistico" -
- vol.V, pág.182-184 - João Romano Torres & C.ª - Lisboa, 1911
No dia 24 de fevereiro de 1875, sentiu-se n'este concelho, no de Villa do Conde, e em outras povoações circumvisinhas, um violento tremor de terra, das 8 para as 9 horas da manhan. Durou um minuto. Foi mais sensível em Santo Thyrso, abalando algumas casas. Não morreu pessoa alguma (...)
O principio d'este mosteiro remonta a uma antiguidade remotíssima, pois, segundo alguns escriptores, foi na sua origem templo romano; e aqui foi sepultado Silvano, capitão de uma legião romana, como adiante veremos.
Não se sabe quando passou a egreja catholica, e quando se fundou o edifício do mosteiro benedictino, duplex, mas com certeza já existia no tempo dos suevos. Conjectura-se que o seu fundador foi S.Fructuoso; mas, segundo outros foi S. Martinho de Dume, que viveu no 6.° século.
Ignora-se se os monges o abandonaram em 716, ou se, mediante aigum tributo, os mouros consentiram n'eIle o culto catholico: o que se sabe é que em 927, D. Alboazar Ramires, filho de Ramiro lí, de Leão e sua mulher, D. Helena Godins, achando o mosteiro bastante arruinado o reedificaram, dotando-o com boas rendas (...).
Em 1569, D. Frei Pedro de Chaves, por ordem da prineeza D. Joanna, mãe do rei D. Sebastião o reformou; e foi o primeiro da reforma.
A frente da egreja do mosteiro, que é a matriz da freguezia, deita para um largo espaçoso, tendo no contro um elegante cruzeiro de mármore côr de rosa.
É um templo vasto e magnifico, construído com grande solidez.
O claustro é a parte mais antiga de todo o edíficio. Tem 27 metros de comprido, por 25 de largo. Os seus quatro lanços são abertos em arcos, sustentados por 122 duplas columnas, cujos capiteis mostram em grosseiros relevos, cabeças de mouros, harpias, leões, e differentes ornatos, todos variados, de modo que se não acham dous eguaes.
No centro ha um elegante chafariz de pedra, com bôas esculpturas, obra do principio do século passado.
A galeria superior do claustro pertence á reedificação geral do mosteiro, que principiou pelos annos 1650. A inferior é manifestamente obra do século XII ou XIII.
Foi. o architecto Frei João Turreano, monge benedictitio, quem delineou e dirigiu esta reconstrucção. Foi também este monge o architecto da reconstrucção do mosteiro de freiras de Odivellas; o novo de Santa Clara de Coimbra; o da Estrella (Estrellinha - hospital militar) de Lisboa, e outras obras.
Os frades eram todos tão estúpidos!...
Depois de 1834, foi vendida a cêrca e parte do ediflcio do mosteiro,; sendo o resto (só a parte que defronta cora o adro) destinado para o tribunal das audiências do juiz de direito, administração do concelho e suas dependências.
Quando se andava reedificando a egreja (1650) se achou embutido em uma das suas paredes, um sepulchro de pedra, ainda inteiro, contendo cinzas. Tinha esculpidas as águias imperiaes, e por baixo d'ellas esta inscripção:
L. VALERIVS SILVANVS MILES LEG. VI VIXIT VIRIATO.
(Lucio Valério Silvano, militar da 6. legião que venceu Viriato.)"
Afinal, Deus existe mesmo, ou não passa de pura invenção de um ser humano que desespera com a efemeridade da sua existência? NÃO PERCA uma reflexão lógica, fundamentada, sobre o tema porventura mais elementar e decisivo da vida humana. |
A existir um deus, será ele o representado
no teto da Capela Sistina? Jeová? Alá? Manitou? Ou nenhum destes? |
As imagens não deixam dúvida: Vila Viçosa está muito mais arborizada hoje do que nos tempos idos em que a fotografia do postal foi obtida.
Quanto ao mais, quem a visitar encontrará uma vila que, sem prejuízo de uma equilibrada evolução, soube conservar a traça e o ritmo que se esperaria encontrar numa terra de tão grandes tradições, impossível de separar de trechos inesquecíveis da História de Portugal.
Existe, todavia, uma espécie de crendice primária de que enfermam os espíritos de certos autarcas que os leva a procurar compensar eventuais défices de competência técnica e política com tiradas tonitroantes para consumo da comunicação social, levando-os a nem se aperceber, não apenas do porventura irreversível erro de julgamento que a elas subjaz, como da figura triste que acabam por fazer perante quem sobre estes assuntos quiser pensar, a par da indiferença daqueles a quem já parece que nada, além do vício das redes sociais, poderá interessar.
Vai daí, que Vila Viçosa anunciou, recentemente, a intenção de propor à Assembleia da República a sua elevação a cidade *), a fim de garantir "mais valias, quer ao nível do acesso a determinados fundos comunitários locais ou regionais, como ao nível de fundos diretamente em Bruxelas". Nas palavras do recém-eleito Presidente da Câmara, "o ser elevado a cidade é um reconhecimento que da Assembleia da República, que reconhece a evolução de Vila Viçosa, reconhece a sua importante e relevante história, o seu enorme património, e acha que é uma terra com grande relevo para o país. É no fundo, reconhecer a nossa identidade como uma terra que cresceu, que evoluiu, que tem história e que tem relevância".
Entende, assim, o ilustre entrevistado ser necessária a elevação de Vila Viçosa a cidade para que a Assembleia da República reconheça o seu importante passado - o que não passa de um rematado disparate -; e para que lhe reconheça a grande relevância presente, quiçá esquecendo-se ou procurando fazer esquecer que tal relevância terá sido conquistada em sucessivas presidências de câmara do Partido Socialista e do Partido Comunista Português (PCP), já que, consultados os dados oficiais, o Partido Social Democrata a que o atual primeiro autarca pertence não elegia um presidente desde os idos de 1993.
Eis-nos, pois, perante um flagrante caso de aproveitamento político daquilo que, durante décadas, os adversários derrotados vieram fazendo muito antes de nós.
Além do mais, não será despiciendo perguntarmo-nos até que ponto será necessária a elevação a cidade para que uma terra progrida, tendo em conta os casos, entre outras, das vilas de Cascais e de Oeiras, caracterizadas pela teimosia em permanecer vilas sem que tal haja, aparentemente, beliscado, mesmo ao de leve, a sua fulgurante expansão e projeção internacional nas áreas que lhes são de interesse.
Não terá, então, a evolução de uma vila muito mais a ver com a competência e dedicação dos seus autarcas do que com os títulos, com os estatutos a que procura ascender? Sobretudo quando a proposta do PCP de realização de um referendo municipal sobre o assunto foi preterida pela da maioria que impõe que a candidatura a cidade avance, quer a população queira, quer não.
Vamos, assim, ter a Cidade de Vila Viçosa, uma gota de água quando comparada com as cidades de Nova Iorque, de São Paulo, de Tóquio, de Paris e, mesmo, do Porto ou de Lisboa, num país que, de tão ridiculamente pequenino que é - mais nas mentalidades do que no território - até tem cidades com menos de 2000 habitantes, graças à demagogia de certos governos e à necessidade de rapar o tacho dos votos até gastar o teflon.
Auri sacra fames, o que importa é a captação de fundos*) para mais umas rotundas, uns parques infantis, enfim, para aquilo a que as mentes pequeninas chamam desenvolver o que resta das vilas históricas portuguesas, esquecendo-se - ou nem notando... - que, muitas vezes, desenvolver é sinónimo de estragar.
Aqui fica, a título de lembrança, este velho postal...
Situada na Praça da República, a Arcada*) é um dos mais emblemáticos edifícios da Cidade.
Sacrificada aos imperativos da desejada rentabilidade e da implacável moda, a vista desafogada que o postal velhinho nos mostra foi, entretanto, substituída pelos inevitáveis mamarrachos típicos do desenvolvimento de aglomerados que, alguns dos respetivos ex libris, com a dignidade devida não souberam conservar.
A praça evoca a data do desembarque, em 1834, das tropas constitucionais, em Buarcos*), tendo a guerra civil*) entre miguelistas e liberais terminado dias depois, com a assinatura, a 26 de Maio, da Convenção de Évoramonte.
Também conhecida por Praça Nova*), é uma das principais artérias da Cidade.
"Seu nome provem-lhe de muitos ouriços do mar que ha na sua costa, aos quaes antigamente se chamava eyriço. Até as suas armas são um ouriço do mar, em campo de prata. Mas no chafariz que fica ao S. da villa, e que foi construído no melado do XV século, reconstruído em 1828, estão como armas da villa — um caranguejo em campo branco. (Talvez fosse ignorância do canteiro fa- zendo um caranguejo cm logar de um ouriço.) Outros dizem que antigamente se dava o nome de eyriço ao earangueijo)(...).
Foi senhor d'eta villa, D. Antonio I, prior do Crato (...). Foi praça d'armas marítima e tem um forte, hoje desguarnecido.
Este forte foi mandado construir por D. Pedro 11, pelos annos de 1700. Está bem conservado. A qui desembarcou, em 1589. D. Antonio I, com parte das tropas inglezas que lhe deu a rainha Isabel (desembarcando o resto em Peniche) para arrancar das garras do matreiro Philippe II o reino de Portugal, que este havia usurpado. Tendo porem D. Antonio feito um vergonhoso tratado com aquella rainha, pelo qual Portugal ficava sendo uma colónia ingleza, o povo (que sabia isto) não se moveu a favor d'este pnncipe infeliz, que teve de abandonar a empreza, reembarcando em Cascaes, e não tornando a tentar fortuna, para recuperar a coroa.
Ainda que a Ericeira seja, como é, uma povoação muito antiga, não ha noticia da sua origem, nem tem vestígio algum d'anti- guidades. Posto que esta villa seja pequena, é muito aceiada, as ruas são muito bem calçadas, as casas muito bem caiadas e interiormente muito limpas. É muito farta de géneros alimentícios, óptima fructa, excelleate e muito peixe, e tudo barato. A agua é que não é lá muito boa, e a gente riea d'aqui, a manda buscar á Tapada de Mafra (a 100 réis cada cântaro)".
Afinal, Deus existe mesmo, ou não passa de pura invenção de um ser humano que desespera com a efemeridade da sua existência? NÃO PERCA uma reflexão lógica, fundamentada, sobre o tema porventura mais elementar e decisivo da vida humana. |
A existir um deus, será ele o representado
no teto da Capela Sistina? Jeová? Alá? Manitou? Ou nenhum destes? |
Arrisco-me, com este título, a promover uma disputa entre os portugueses de Olhão e os da Praia da Granja, já que uns e outros - se não outros ainda... - reivindicam para a sua terra a primeira rua pedonal de Portugal.
Acontece que, procurando, em vão, validar a menção encontrada no sítio da Associação de Valorização do Património Cultural e Ambiental de Olhão*), deparei, no "Praia da Granja"*), com uma referência à Avenida Sacadura Cabral - ou parte dela - também como sendo a primeira rua pedonal de Portugal, informação que o jornal "O Gaiense" precisa como tratando-se da primeira rua pedonal registada em Portugal*)
Resta-me, assim, deixar ao cuidado dos interessados e, também, dos Leitores mais bem informados a apresentação de documentos ou testemunhos que permitam validar uma ou outra reivindicação.
Se houver debate... que seja mais interessante do que aqueles a que temos assistido na televisão...*)