"Parece que o castello fôra construcção dos godos no sexto ou sétimo século, e que os arabes o reedificaram em 716; ficava n'um outeiro, dominando a villa *), formando com o castello de Leiria, de Pombal, e d'Óbidos, uma linha avançada de fortificações para proteger Lisboa e Santarem, que eram as duas cabeças de toda a moirama da Extremadura. Os arabes, quando reedificaram o castello, deram-lhe o nome de Al-carcer-ben-el-Abbaci, por ser o nome d'uma porta da cidade de Marrocos. D.Affonso Henriques tomou-o em 1147, mas os arabes conseguiram reconquistal-o em 1191 ou 1195, e arasaram-no. D.Sancho I tornou a reconquistal-o. No anno de 1422, um terramoto destruiu-lhe uma das torres, que D. João I mandou edificar, permittindo ao abbade do mosteiro, então D. João d'Ornellas, que lançasse um tributo aos povos da sua freguesia para ajuda das obras. O castello perdeu depois toda a importância militar, com a transformação introduzida na guerra pela invenção da artilharia. Hoje conservam-se apenas algumas ruinas e a tradição lendária do alcaide arabe Almansor, o seductor provocante que se conserva ali encantado, e seduz as raparigas que se aventuram a passar junto das ruinas proximo da noite, fascinando-as com seu canto attrahente, arrastando-as para um palacio subterraneo, onde ficam em eterno captiveiro".
Esteves Pereira e Guilherme Rodrigues,
in "PORTUGAL - Diccionario
Historico, Chorographico, Heraldico, Biographico, Bibliographico, Numismatico
e Artistico" -
- vol.I, pág.162 - João Romano Torres & C.ª - Lisboa, 1904