quinta-feira, 27 de janeiro de 2022


Da Orientação Sexual dos Sacerdotes Católicos

Não professando qualquer religião, não tenho particular apetência por escrever sobre o tema, a menos que, como é o caso, algum facto com ele relacionado se me afigure, por exemplo, logicamente inaceitável ou particularmente ridículo.

Foi, há dias, noticiado o anúncio, por parte de mais de uma centena de católicos alemães, não, propriamente, da orientação sexual de cada um, mas do facto de todos eles se incluírem no grupo social designado por LGBTI, ou seja, lésbicas, gays, bissexuais, transgênero e intersexuais - sigla que, numa palavra, poderia resumir-se à palavra homossexuais mas que a humana propensão para considerar que complicar equivale a dignificar acabará, provavelmente, por a alongar a ponto de, um dia, conter a totalidade desordenada das letras do alfabeto. Adiante...

Claro está que, excetuando culturas em que a homossexualidade seja criminalizada, cada pessoa é livre de, relativamente ao próprio, a anunciar ou alardear como bem entender, sem prejuízo de o despropósito e o exagero a que, amiúde, se assiste em manifestações dessa natureza acabar por se tornar contraproducente, levando ao crescente cansaço, à saturação de uma população (ainda) maioritariamente heterossexual e que da existência dessas coisas prefere fingir nem saber.

O problema neste anúncio reside, assim, não na orientação sexual declarada, mas no facto de algumas destas pessoas serem sacerdotes católicos, e isto por duas razões principais:

  • Segunda (propositadamente antes da primeira): para a Igreja Católica a homossexualidade é condenável, assim se encontrando todos esses sacerdotes deliberadamente "em pecado", o que os torna, implicitamente, inaptos para, como dizem, perdoar os pecados dos outros - da mesma forma que um juiz assumidamente criminoso perde a idoneidade necessária a, pela prática de crimes, condenar os seus concidadãos.

  • Primeira: antes de tudo, porque, tanto quanto julgo saber, não apenas o celibato é imposto aos sacerdotes católicos, como até toda e qualquer atividade sexual lhes é negada; e esta razão parece-me a mais importante simplesmente porque carece, absolutamente, de interesse conhecer a orientação sexual de quem nenhuma atividade sexual tem ou pode ter.

Ou terá? Ou alguém acreditará, ainda, que não tem? Ou, tal como muitas vezes acontece na política, tudo isto não passará de uma fabulosa construção para inglês ver?

Juntando este anúncio aos dos abusos sexuais que há muito vêm sendo denunciados, não estará na altura de uma reflexão séria sobre o tema, mesmo que, com ela, os sacerdotes acabem por perder aquela espécie de aura de superiores querubins e serafins, semelhança que as notícias vindas a lume cada vez mais afastam do ideário até dos mais ingénuos crentes?

* *

O papel da mulher na sociedade e no casamento é outro tema candente da Igreja Católica, que continua a parecer alheada à evolução, à mudança das mentalidades ao longo dos séculos.

(continua aqui)





A linguagem inclusiva, neutra ou o que lhe queiram chamar, está indelevelmente associada ao ideal da igualdade de género, e nele teve origem.

Além de gramaticalmente inadmissível, até que ponto não estará este linguajar a prejudicar a causa que se propõe promover?






quarta-feira, 26 de janeiro de 2022


Paul Masson

 

Paul Masson

A honra é uma bússola escondida no nosso coração,
mas cuja agulha está sempre falseada pela pequena mina de ouro do nosso porta-moedas"


"L´honneur est une boussole cachée sur notre coeur,
mais dont l´aiguille est toujours faussée par la petite mine d´or de notre porte-monnaie.
"

Paul Masson *)               

Vá lá alguém saber por que razão me lembro sempre de coisas destas em períodos de campanha eleitoral...

Será apenas por ler e ouvir eternos candidatos, ávidos do poder e daquilo que traz consigo, recorrer, insistentemente, à despudorada mentira para prometer o impossível ou para denegrir, difamando ou caluniando, a imagem de quem tais epítetos não merece?

Será, também, por assistir a numerosas e oportunas quebras do segredo de justiça - necessariamente por parte de pessoas afetas aos processos criminais que, a troco de por vezes magros proventos, se deixam corromper - unicamente para criar notícias "de última hora" a troco dos bem mais gordos proventos que outros irão receber das receitas publicitárias?

Ou será por ver que as empresas que pagam tais anúncios ficam indiferentes ao facto de os órgãos de comunicação que os impingem serem prováveis corruptores ativos daqueles funcionários?

Por conveniência de ofício, passam os mais altos responsáveis da Nação o tempo a encher-nos os ouvidos com loas à atitude madura e responsável dos portugueses - o que não passa, também, de uma rematada hipocrisia, já que, tal como nós, bem vêem os magotes de tugas sem distanciamento ou máscara filmados pelas televisões.

Será que, nessa tão madura e responsável atitude fictícia não existe um menos fictício lugar para a verdade e para a honra?

Que estranha espécie de po(l)vo, afinal, queremos ser!...