Um pungente exemplo da falta de rigor e de rumo de que fala Leonardo será, sem dúvida, aquilo que, de forma cada vez mais preocupante, se passa com a LÍNGUA PORTUGUESA, domínio onde grassa a tendência para a afirmação perentória de posições não fundamentadas, invocando regras gramaticais inexistentes ou interpretadas ad libitum. Não perca, no correspondente separador no topo desta página, diversos artigos polémicos sobre temas com ela relacionados. |
quarta-feira, 25 de agosto de 2021
Leonardo da Vinci
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
Shirley Bassey: Moonraker Theme
sábado, 21 de agosto de 2021
Talibãs e Talitugas
Quando o vazio somos nós, domina-nos o pânico.
Com o pânico, vem o oportunismo de outros, vazios como nós, mas que têm a
vantagem de uma ou outra habilidade a que chamam competência e com a qual se
propõem, para nos salvar do avassalador vazio, preencher a nossa vida e, ao
mesmo tempo, o ego ou a carteira deles..
- x -
O grande sonho da maior parte de nós é ter dinheiro: muito, mas muito,
dinheiro, como se fôssemos um daqueles ídolos que gostam de relaxar na
gaiola (perdão, marquise) da cobertura (perdão, da penthouse,
que com estas coisas não se brinca…), enquanto contemplam, numa tela
(perdão, écran) panorâmica o anúncio em que uma progenitora balbucia,
por entre a resplandecente dentadura que não é dela, uma catadupa de sons
ininteligíveis num anúncio de uns óculos belíssimos mas tão acessíveis que
até podem ser comprados por nós, pobretanas vazios e ridículos, que, em
hipnótico desvelo, nos embasbacamos a contemplar riquíssimos pategos
não menos vazios e ridículos – que, naquilo que importa, pouco
ou nada valem -, pela simples razão de terem sido tão bem sucedidos depois
de, coitaditos, terem nascido tão pobrezinhos.
Ou como uma qualquer histérica e desbocada milionária que viva do vigor de
umas cordas vocais que pareçam apenas vibrar para e com a brejeirice, que se
ache maravilhosa e cujo maior sonho da vida seja trepar por cima daqueles
empecilhos que a não deixavam brilhar e acabar a mandar neles; e numa coisa
grande, assim como, sei lá, uma televisão.
Ou como outros como eles que, não sendo habilidosos na política, o sejam –
e de que maneira! – com os milhões dos outros, até ao momento em que nem os
bancos, nem as associações desportivas, nem os poderes públicos consigam
continuar a olhar para o lado porque alguém se terá descaído e propagou
aquele vírus tinhoso, comichoso, chato e incómodo chamado
informação.
Se não pudermos ser ricos e famosos como eles, enfim, ao menos termos o
dinheirito suficiente para mostrar aos outros palermas que somos mais ricos
do que o pai daquele rapaz que é colega do meu e só teve férias num
acampamento daquilo lá da escola - não me lembra agora o nome – e ainda
queria ser um tipo importante na secção do partido cá do bairro, como
eu.
A estes tolos ambiciosos, serve muito bem a miragem do dinheiro ganho ao
jogo, em que o bom do bestializado tuga das jolas e dos
pistachos baralha, parte, dá e eructa alarvemente quando a vida lhe
corre mal; e, ao jogar, fica mais pobre, muito mais pobre, de dinheiro e de
intrínseco valor.
Ou era, porque vieram aí uns senhores com um contrato para assinar e vamos ter um carro daqueles elétricos*) que entregam cá na Sexta-feira*), para irmos, no Sábado, à reunião da concelhia e, depois, ter com aquele primo da Trudes que pinta uns quadros e até nos convidou para… ai! como é aquilo… qualquer coisa que acaba em age… ah!, pois, a inauguração.
- x -
No fim da extensa lista que aqui não teria lugar, há aqueles de nós que não têm dinheiro, não têm miolos, não têm estudos, não acreditam no elevador social da política, não têm o que quer que seja além da enorme vontade de que alguém lhes diga que são alguém. Pelo menos, algo mais do que o outro que mora ao lado e cuja única afinidade connosco é o vazio imenso, o vazio de tudo, um vazio tão grande que não temos dinheiro para preencher com casotas, com ferrares, com trapos, com palmeiras, piscinas e long drinks; só, mesmo, com os pistachos e as jolas. Um vazio tão grande que já nem pode ser preenchido pelas emoções primárias que põem milhões aos urros e à batatada dentro e fora de um estádio de futebol.
A estes de nós, resta a ilusão da transcendência, da elevação daquela
ilusão a que chamam espírito, não por qualquer manifestação do mesmo, mas
pela sensação de pertença a quem um dia, algures, nos há de compensar de
tanto sofrimento, a quem devemos cega obediência, ainda que à custa das
maiores atrocidades e violências sobre o próximo, embora sem saber o que
essa providencial divindade ao certo quer de nós.
Ou melhor: sabemos porque nos disseram, porque nos disse alguém que
fomos ouvir falar naquela reunião prenhe de elementar misticismo e havida
num ambiente de paupérrima encenação, em que um chefe religioso de olhos
esbugalhados, aura impiedosa e sorriso cínico nos enviou a fazer explodir em
bombas uma interpretação espúria e despudoradamente manipulada da mensagem
do Além.
A missão consiste em impor, pela força, a mensagem aos
resistentes, privando-os das formas mais elementares de liberdade que apenas
subsistem nas vidas e nas mentes retrógradas e estúpidas dos alucinados
ideólogos e promotores.
- x -
Quando a divindade tornada fera implacável inventada por uma torpe interpretação das escrituras pede com mais força que os bravos alarves aniquilem os detratores daquilo a que chamam fé, os americanos não gostam do exagero não autorizado nas conversações – três mil conterrâneos mortos, caramba, é demais! - e entram por ali dentro para garantir que os outrora aliados ficam sossegadinhos pelo menos durante um prazo razoável para que aquele disparate do estupor do Bin Laden em Setembro se desvaneça um pouco da memória das dóceis e ditas civilizadas formigas dos States, tão dóceis como as que civilizadas não são - no resto do Mundo, claro.
Enquanto lá estão a aplicar o corretivo, ocupam pela força, impõem as suas
regras, libertam… os corpos, apenas os corpos.
Por ser nada mais do que a restrição da liberdade dos corpos, a mudança resultante da ocupação é ilusória e efémera. Os invasores não educam, não procuram aproximar-se, entender, dedicar àqueles que andam naquilo contrariados uma palavra amiga, um diferente olhar, enfim, algo que os afaste do arrepiante caminho que escolheram ou os obrigaram a trilhar (não muito mal comparando, até faz lembrar a recente legislação publicada sobre a alimentação nas escolas cá da terrinha, feita à pressa e que, em lugar de educar, se limita a proibir).
Depois, cansam-se os americanos de esbanjar dólares com a
presença militar, os aliados e também fazem contas aos
euritos, aquilo já não faz sentido, eles já devem ter aprendido a
lição, e… Butes? Bora lá!
Começa, então, a debandada daqueles que acreditaram ter vivido o ideal da
liberdade, o maior sonho das suas pobres vidas prestes a acabar pela força,
ou a ser brutalmente desalojadas pela fuga num avião de carga americano
qualquer, possibilidade única de sobreviver para ir alimentar o mesmo sonho
noutra terra também qualquer.
- x –
Por cá, as autárquicas estão aí à porta e, com elas, a vazia e
desoladora campanha habitual.
Para a semana há reunião da concelhia.
Tenho de mandar lavar o carro novo que tá parado à porta.
Aquilo é giro, pá, e tu mereces melhor do qu’ó que tens!
Hádes vir também!
* *
A par de toda esta triste figura que não passa, afinal, do resultado de uma necessidade quase compulsiva de seguir os ídolos, a moda, continuam estas pessoas a querer passar por originais, diferentes, alguém digo de se contemplar com admiração.
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
Agostinho da Silva
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segunda-feira, 16 de agosto de 2021
Tieta
Imagem: tudosobreprodutos.com |
sábado, 14 de agosto de 2021
COVID: O Palácio das Araras
"Até quanto a ânsia narcísica e obsessiva de um se fazer notar
continuará,
nesta atrasada e mal governada terrinha, a opor-se ao
interesse de todos?”
“Não é ciência aquilo que, todos os dias e a todas as horas, nos entra
pelos olhos e ouvidos:
é uma vozearia ignorante, pedante,
oportunista e, por vezes, desesperada,
que apenas contribui para
agravar a já catastrófica situação"
1. Da Importância da Sustentação
Científica das Opiniões Formuladas
2. Vacina-se os Miúdos ou Não?
3. A Chinfrineira Muda na Comunicação Social
4. Missão de Informar versus Liberdade de
Expressão
5. Pluralismo no
Debate versus Motivação para Aparecer na Televisão
No Estado de Direito, é entendido como do mais elementar bom senso – e a
lei prevê – que um decisor que não domine determinada área do conhecimento
recorra à opinião de peritos visando o rigor da decisão a prolatar, bem como
a clareza de uma exaustiva e clara fundamentação.
Tal recurso à presumível sapiência de terceiros pressupõe, necessariamente,
que o laudo produzido por cada perito consultado se sustente em saber
estabilizado e adquirido segundo as regras do método científico, sob pena de
acabar o decisor enleado numa amálgama de opiniões díspares que, em lugar de
contribuir para o desejado esclarecimento, apenas irão a sua ignorância
nestas coisas acabar por aumentar.
Ainda assim - ou seja, mesmo quando os diversos pareceres solicitados se baseiam numa mesma ciência antiga e são redigidos de acordo com os procedimentos preconizados -, não é raro chegarem os respetivos autores a conclusões substancialmente distintas, já que, contrariamente ao que às vezes por aí se diz, conta bem menos o volume do conhecimento do que a efetiva capacidade para corretamente o processar, para, daquele que existir, alguma coisa aproveitar.
A situação agrava-se, evidentemente, quando a ciência consultada não é
antiga nem conhecimento, verdadeiramente, existe porque o problema é recente
e ninguém domina uma matéria que não houve tempo para, serena e
exaustivamente, investigar.
Assistimos, então, a espetáculos tristes por parte de desesperados e desabridos gestores ou governantes que ficam sem saber o que decidir e como manter confiante e tranquila uma população tão ignorante como eles nestes assuntos – e muito bem, porque, se cientistas existem de determinada área, é porque tudo de tudo todos não têm de saber - e ávida de orientações e esclarecimentos coerentes e seguros, ou que, pelo menos, pareçam fidedignos, que estimulem a vontade de os seguir e de à lei obedecer.
Atarantados, não cessam, pelo contrário, os atores sociais e políticos de
ainda mais inquietar os espíritos, lançando na comunicação social o debate
tipicamente estéril que, de forma inevitável, nasce do costume de espalhar
aos quatro ventos todas as palavras alguém diz, seja lá o que for, seja lá
quem for, como que procurando transferir para os desgovernados a
obrigação de, em cada caso específico, decidir sobre aquilo que não
conhecem, e deixando-os sem saber o que fazer nem em quem, afinal,
acreditar.
2. Vacina-se os Miúdos ou Não?
Enquanto, na imensa praia da insanidade comunicacional típica do Portugal de todos nós o areal vai, a cada dia que passa, ficando cada vez mais poluído, decisões de sentido inverso vão sendo tomadas em regiões distintas do País. Foi o que aconteceu na Madeira, onde, a despeito da recomendação de sentido contrário da Direção-Geral da Saúde – e não de Saúde, como alguns peritos e alguns ólogos, quiçá por soar mais chic gostam de dizer -, se decidiu inocular os menores com idades entre os 12 e os 16 anos*), independentemente da existência ou inexistência de patologias – direito esse que, diga-se de passagem, à Região Autónoma plenamente assiste, nos termos constitucionais.
Não pode, porém, ignorar-se que, se a disparidade de critérios e de
fundamentações que grassa Europa fora é, já de si, sintomática do desnorte
que por aí reina na ciência destas coisas, torna-se, para a fiabilidade do
que cientificamente é dito, simplesmente catastrófico que, para
salvaguardar particularidades da economia de determinada Região ou por mera
ânsia de protagonismo político, sobre questão são importante e sensível como
a vacinação de menores se não entenda uma região autónoma com o poder
central - por muito débil que este possa ser mau grado o folclore gerado por
cada vez mais frequentes e indisfarçáveis tiques ditatoriais.
Mais grave, porém, será o facto de a Direção-Geral da Saúde e a Ordem dos Médicos terem posições diametralmente opostas sobre este tema da vacinação de menores*).
Note-se que se trata de entidades que, desejavelmente, não estão a proferir opiniões de natureza política: em ambas pontificam cientistas das mesmas áreas do conhecimento que estariam, supostamente, a pronunciar-se de forma sensata, ponderada e cientificamente sustentada sobre matérias da sua especialidade, visando, unicamente, proporcionar aos tais mais ou menos desesperados governantes os elementos necessários à tomada de decisões políticas - decisões essas que acabam por quase sempre tardar, por ficarem os governantes à deriva num confuso oceano de contraditórias opiniões.
Bonito!
Não obstante, entende o Senhor Primeiro-Ministro que não se trata de ziguezague - como, à manobra, um definhado partido da oposição chamou à cambalhota -, mas sim de "evoluir na decisão"*)... mais propriamente, evoluir precisamente para a decisão contrária, com os mesmos dados disponíveis e, praticamente, uma semana depois.
Fala-se muito de linguagem inclusiva, mas esta é simplesmente exclusiva, na medida em que exclui do seu entendimento os olhos e os ouvidos de pessoas minimamente inteligentes e de boa fé, que apenas procuram entender o que se passa, sem estar preocupadas com votos ou campanhas eleitorais, como, por maioria de razão, a um Governo conviria em tempo de tão graves e sensíveis decisões.
3. A Chinfrineira Muda na Comunicação Social
No século passado, era eu ainda mais miúdo do que os miúdos cuja vacinação
tanta celeuma hoje levanta, levava-me a minha Mãe ao Palácio das Araras, no
Jardim Zoológico de Lisboa.
Cá de fora, pouco se dava por isso. Mas, uma vez lá dentro, o diálogo entre
humanos tornava-se completamente impossível, tal era a chinfrineira saída
dos bicos das animadas e tagarelas aves.
O mesmo se passa hoje com a vozearia que, sobre assuntos relacionados com a
COVID, por aí vai nos jornais e televisões, resultando numa chinfrineira
muda, vazia de mensagem, já que ninguém ouve nem ninguém se faz ouvir, com
um mínimo de respeito e de credibilidade, no meio de tanto alarde, de tanta
vontade de se pôr em bicos de pés a dizer “eu é que tenho razão!”
quando lá se arranja maneira de, uma vez mais e ganhando ou não uns trocos,
aparecer na televisão.
Manifestamente, não se baseiam estes discordantes palradores em dados cientificamente recolhidos e validados, uma vez que, em quantidade e com fiabilidade suficientes, os não há: proferem palavras tiradas da mera dedução lógica a partir de algumas notícias e elementos insuficientemente interpretados e testados. Ou seja: deitam-se a divinhar, como, mais coisa, menos coisa, qualquer um de nós seria capaz de fazer.
De nada vale o brocardo segundo o qual, quando um burro zurra – digamos
assim -, os outros baixam as orelhas: todos sabem que ninguém sabe, mas
todos fazem por parecer que sabem, porque, para esta gente, é
“vergonha” não saber.
Mas a título de quê e com que legitimidade ou direito tanto palra esta
gente toda?
Até quanto a ânsia narcísica e obsessiva de um se fazer notar continuará,
nesta atrasada e mal governada terrinha, a opor-se ao interesse de todos?
Estruturalmente, a democracia é um regime político muito fraco, dada a
facilidade com que se usa e abusa na interpretação dos direitos, garantias e
liberdades constitucionalmente reconhecidos, invocando-os para tudo e mais
alguma coisa em proveito exclusivo de um indivíduo ou de um grupo restrito,
sem que alguém tenha a coragem de a tal se opor. Se o fizer, o mais certo
será deparar-se com acusações de ser fascista, ditador e
mais isto e mais aquilo, como sempre acontece quando alguém procura, no
exercício de direitos ou de deveres e com a melhor das intenções, moderar o
exercício das amplas liberdades da democracia por parte de quem delas
abusa e volta a abusar.
Já, a propósito dos
festejos da vitória do Sporting na Primeira Liga de futebol, aqui falei sobre a confusão entre, por um lado, o direito de cada um
manifestar as suas posições e ideais políticos e, por outro, invocar tal
direito para atividades que nada têm com os direitos garantidos na
Constituição.
O abuso da liberdade de expressão em tempo de pandemia é claramente, mais
um destes casos.
Na verdade, aquilo a que diariamente assistimos nas televisões não é o
exercício do direito de livremente exprimir posições políticas sobre o
assunto, posições essas que, efetivamente, todos têm o direito de manifestar
e todos têm o direito de conhecer.
O que se escreve nos jornais e passa nas televisões são conclusões
meramente técnicas e, quase sempre, não fundamentadas sobre matéria
científica que apenas meia dúzia de portugueses se encontra em condições de
escutar e interpretar. Para a multidão restante, são coisas sem qualquer
interesse prático, sem conteúdo político, apenas destinadas a preencher
tempo de antena quando nenhuma catástrofe ou desastre espetacular em
Portugal fornece matéria para vender anúncios, e cujo principal efeito é
espalhar a confusão, descredibilizar as decisões e convidar, por
desconhecimento ou descrédito, à prática de sucessivas infrações.
Afinal, o que queremos, verdadeiramente, quando vamos ao médico?
Simplesmente, que nos passe a receita e instrua quanto à posologia. Às
discussões técnicas, que nos poupe e as tenha em local próprio e com os
colegas de profissão!
É no INFARMED, e não na praça pública, que deve ter lugar o debate entre
cientistas que falem a mesma língua e que, nesse e noutros fora da
especialidade, expressem livremente as suas opiniões, procurando chegar ao
bom porto de alguma válida e, finalmente, eficaz conclusão, na falta da qual
o Governo ficará desobrigado de seguir o resultado da difusa e
inaproveitável discussão - mas, mesmo assim, obrigado a decidir com base no
bom senso e segundo os mais altos e saudáveis ditames da administração.
Não é ciência aquilo que, todos os dias e a todas as horas, nos entra pelos
olhos e ouvidos: é uma vozearia ignorante, pedante, oportunista e, por
vezes, desesperada, que apenas contribui para agravar a já catastrófica
situação.
5. Pluralismo no Debate versus Motivação para Aparecer na
Televisão
Bem, dir-se-á, mas, no INFARMED isso já é feito, os especialistas já
debatem estes temas antes e durante as famosas reuniões.
Pois sim, mas o que, aparentemente, acontece, é que, convenientemente, não
são convidados cientistas de todas as tendências para essas reuniões, assim
restando aos excluídos e ignorados badalar cá por fora as razões pelas quais
discordam das conclusões.
- x -
Os editores dos jornais e os diretores de informação das televisões prestariam bem mais válido e sério serviço público se, em tempos tão complicados e difíceis, se recusassem a incentivar e a amplificar a chinfrineira destas araras que nos enchem olhos e ouvidos com a sua ignorante confusão; se pensassem um pouco menos em tiragens e em audiências e se abstivessem de dar eco a quem o não merce - ainda que substituindo o interminável rosário de opiniões dos entendidos por cacofónicas crónicas futebolísticas com vocabulário mais ou menos anedótico ou por mais um programas pimba apresentados por gente cada vez mais mal preparada e mais desinteressante.
Agiriam, assim, em defesa do legítimo interesse do público que os sustenta
e a quem se dirigem, em lugar de dar palco a quem, falando daquilo que
supostamente sabe sem, efetivamente, algo saber, apenas perturba a paz
social, desacredita o legislador e as leis que produz, e assim torna ainda
mais incerto e confuso o que já tão difícil é entender.
Em circunstância nenhuma será boa ideia aumentar a depressão e o pânico numa martirizada população e em desnorteados governantes que, manifestamente, não fazem a mais pequena ideia do que ainda poderão fazer, sem meter o pé na argola e sem dar cabo da próxima eleição.