ou, aqui, a versão do 'The Muppet Show'
segunda-feira, 30 de agosto de 2021
Marretas: Time in a Bottle
ou, aqui, a versão do 'The Muppet Show'
sábado, 28 de agosto de 2021
Ainda não Sabe o que É Equitenência?
"Bem melhor do que o título Plano de Recuperação e Resiliência
teria sido a menos espampanante escolha do título Plano de Recuperação e Resistência
para significar que, graças ao dito plano, a economia, após recuperar,
seria
capaz de suportar futuros impactos sem sofrer nova quebra"
Oriunda do latim aequitas, -atis (equidade) e tenens, -entis (o que ou aquele que detém), equitenência equivale ao inglês equitenence e, embora pouco divulgada, além do significado vocabular, o termo releva no campo da sociologia na medida que esta está relacionada com algumas palavras essenciais à compreensão da cada vez mais complexa realidade social em que nos vemos respirar.
Há, também, quem utilize resiliência apenas para enfeitar designações de planos de recuperação, quando, na circunstância recuperação e resiliência significam, praticamente, a mesma coisa.
Bem melhor do que o título Plano de Recuperação e Resiliência teria
sido a menos espampanante escolha do título
Plano de Recuperação e Resistência para significar que, graças ao dito
plano, a economia, após recuperar, seria capaz de suportar futuros impactos
sem sofrer nova quebra.
Mas, afinal, quem se importa? E resiliência é bem mais elaborado do que resistência, até tem mais uma sílaba, e demonstra que conhecemos mais uma palavra difícil… que não sabemos o que quer dizer.
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Esta preocupante tendência linguística para a inconsequente e irresponsável
turbulência, tem, também, a ver com uma
equitenosa propensão de certas pessoas para, por se considerarem de
particular excelência, de qualquer mais ou menos medíocre instituto ou
associação aspirarem à presidência. Uma vez alcançado o poder –
equitenente objeto de desmesurada apetência -, independentemente da
inexistência da recomendável competência, é ele exercido com aquilo a que, em
equitenoso assomo de verbal incontinência, qualquer
equitenólogo rapidamente classificaria como ética degenerescência.
A despeito da tendência para manter a aparência, quem dessas organizações
ocupa a presidência rapidamente passa a padecer de grave equitenose,
dedicando-se, de preferência, a discursar com particular truculência, enquanto
deixa processos e procedimentos em eterna e abandonada pendência para se
dedicar a atividades relativas a outas presidências que ocupa por inerência –
por vezes com um grande rasto a pestilência, mas com alegada inocência -,
deixando os ignorados administrados na maior efervescência, enquanto,
despeitados, lavram pelas redes sociais comentários da maior contundência e
passam noites inteiras a digitar na sua pacata residência.
Mas com o que tem, afinal, a ver este equitenencial e intragável
arrazoado acerca da equitenência?
- x –
Equitenência significa... nada. Absolutamente nada, como
inevitavelmente se conclui da vacuidade do esvaziado escrito que antecede.
Se com todas as ências que acabo de referir equitenência algo tem a ver é com a simples terminação em ência, o que sempre é mais do que alguns significados por aí atribuídos, às palavras difíceis, por dicionários que entre si competem na quantidade de sinónimosque, quase ao peso, para cada vocábulo que se pretende definir nos são apresentados, em desenfreada epidemia polissémica.
Não me perguntem qual o processo criativo elaborado pelo qual cheguei ao termo
equitenência: não existe. Dei, simplesmente, comigo a pensar nele, no
que poderia significar; como às vezes sucede com um daqueles temas melódicos
que, vá lá saber-se porquê, às vezes parecem não querer sair-nos do
ouvido.
Pesquisei, e encontrei... nada de nada, fosse em que idioma ou dicionário
fosse, do mais elaborado ao mais elementar.
Dei, pois, comigo a refletir como é fácil, sem conteúdo ou base conceptual, um
palerma qualquer gerar neologismos prenhes daquela presunção bacoca que nos
leva a, avidamente, procurar palavras complicadas para com elas convencer quem
nos ouve de que somos os mais eruditos letrados que é possível encontrar; ou,
no mínimo, que com outros ilustrados podemos, sem dificuldade, competir
ou ombrear.
Como escreveu um presbítero português que, no século XVIII, ensinava a estudar, “estão persuadidos que a eloquência consiste na afectação e singularidade e, por esta regra, querendo ser eloquentes, procuram de ser mui afectados nas palavras, mui singulares nas ideias, e mui fora de propósito nas aplicações”*). Afinal, é tão mais belo e tão simples ser... simples! Dizer resistência, quando não se trata de resiliência...
Apesar da terminação coincidente, equitenência nada tem, bem pelo contrário, a ver com a cada vez mais escassa benevolência; com a envolvência e carinho que nos merece o próximo; com a inocência de uma mente adulta que, em certas coisas, se quer infantil; com a permanência e constância com que devemos manter-nos junto de quem do nosso cuidado necessita; com a desejável florescência e desenvolvimento de tudo quanto é bom; com a discreta transcendência de nós próprios, escondendo-a dos outros; com a deferência para com os que nos merecem respeito, que são todos. Equitenência nada tem a ver com a continência nos nossos apetites e anseios; com a paciência para com os que estão ainda a aprender o que outrora aprendemos nós; com a prudência que a experiência aconselha para as mais simples decisões da vida; com a previdência na gestão do Futuro de cada um; com a consciência com que deve exercer o seu mister o verdadeiro profissional.
Digo que equitenência tem a ver com nada disto, porque, como a
inventei, devo saber…
- x -
Massajando um pouco a origem latina, quisesse eu atribuir um significado a equitenência, poderia escolher, por exemplo, a teimosia de alguns em se aterem à ideia parva de que todos somos iguais em tudo, numa abusiva extensão da ideia de equidade (aequitas) inerente ao princípio da igualdade de oportunidades e de direitos, que inevitavelmente desvalorizado se torna por via de tal ideia.
O princípio, esse sim, deveria ser sagrado em qualquer texto constitucional, deveria ser honrado na aplicação do sistema legal… e deveria ser salvaguardado de deturpações ilegítimas por quem dele, para algumas duvidosas e radicais causas, ilegítimos dividendos não dessa de procurar obter.
Nega este mal cheio punhado de pessoas a mais visível evidência, esquecendo, numa altura em que se fala de solidariedade e de entreajuda, que, se fôssemos mesmo iguais - estruturalmente, potencialmente -como pretendem, qualquer um de nós seria capaz de fazer o que todos os outros fazem, pelo que raramente necessitaríamos dessa ajuda uns dos outros.
- x –
Ora, pensando bem, vou antes adotar o termo equitenente para significar alguém que tem um poucochinho de cada uma daquelas ências de que primeiro falei, as dos ditos poderosos. Como o termo não existe, tenho a certeza absoluta de que ninguém, mas ninguém mesmo, me irá entender; e ao mesmo tempo, a certeza quase absoluta de que, como a ignorância é, para muitos, indizível vergonha, muito poucos mo irão dizer.
Por fim, deixo aos equitenentes mais vivazes a possibilidade de dizer
que foram eles que inventaram o conceito de equitenência.
Prometo que não vou dizer…
quarta-feira, 25 de agosto de 2021
Leonardo da Vinci
Um pungente exemplo da falta de rigor e de rumo de que fala Leonardo será, sem dúvida, aquilo que, de forma cada vez mais preocupante, se passa com a LÍNGUA PORTUGUESA, domínio onde grassa a tendência para a afirmação perentória de posições não fundamentadas, invocando regras gramaticais inexistentes ou interpretadas ad libitum. Não perca, no correspondente separador no topo desta página, diversos artigos polémicos sobre temas com ela relacionados. |
segunda-feira, 23 de agosto de 2021
Shirley Bassey: Moonraker Theme
sábado, 21 de agosto de 2021
Talibãs e Talitugas
Quando o vazio somos nós, domina-nos o pânico.
Com o pânico, vem o oportunismo de outros, vazios como nós, mas que têm a
vantagem de uma ou outra habilidade a que chamam competência e com a qual se
propõem, para nos salvar do avassalador vazio, preencher a nossa vida e, ao
mesmo tempo, o ego ou a carteira deles..
- x -
O grande sonho da maior parte de nós é ter dinheiro: muito, mas muito,
dinheiro, como se fôssemos um daqueles ídolos que gostam de relaxar na
gaiola (perdão, marquise) da cobertura (perdão, da penthouse,
que com estas coisas não se brinca…), enquanto contemplam, numa tela
(perdão, écran) panorâmica o anúncio em que uma progenitora balbucia,
por entre a resplandecente dentadura que não é dela, uma catadupa de sons
ininteligíveis num anúncio de uns óculos belíssimos mas tão acessíveis que
até podem ser comprados por nós, pobretanas vazios e ridículos, que, em
hipnótico desvelo, nos embasbacamos a contemplar riquíssimos pategos
não menos vazios e ridículos – que, naquilo que importa, pouco
ou nada valem -, pela simples razão de terem sido tão bem sucedidos depois
de, coitaditos, terem nascido tão pobrezinhos.
Ou como uma qualquer histérica e desbocada milionária que viva do vigor de
umas cordas vocais que pareçam apenas vibrar para e com a brejeirice, que se
ache maravilhosa e cujo maior sonho da vida seja trepar por cima daqueles
empecilhos que a não deixavam brilhar e acabar a mandar neles; e numa coisa
grande, assim como, sei lá, uma televisão.
Ou como outros como eles que, não sendo habilidosos na política, o sejam –
e de que maneira! – com os milhões dos outros, até ao momento em que nem os
bancos, nem as associações desportivas, nem os poderes públicos consigam
continuar a olhar para o lado porque alguém se terá descaído e propagou
aquele vírus tinhoso, comichoso, chato e incómodo chamado
informação.
Se não pudermos ser ricos e famosos como eles, enfim, ao menos termos o
dinheirito suficiente para mostrar aos outros palermas que somos mais ricos
do que o pai daquele rapaz que é colega do meu e só teve férias num
acampamento daquilo lá da escola - não me lembra agora o nome – e ainda
queria ser um tipo importante na secção do partido cá do bairro, como
eu.
A estes tolos ambiciosos, serve muito bem a miragem do dinheiro ganho ao
jogo, em que o bom do bestializado tuga das jolas e dos
pistachos baralha, parte, dá e eructa alarvemente quando a vida lhe
corre mal; e, ao jogar, fica mais pobre, muito mais pobre, de dinheiro e de
intrínseco valor.
Ou era, porque vieram aí uns senhores com um contrato para assinar e vamos ter um carro daqueles elétricos*) que entregam cá na Sexta-feira*), para irmos, no Sábado, à reunião da concelhia e, depois, ter com aquele primo da Trudes que pinta uns quadros e até nos convidou para… ai! como é aquilo… qualquer coisa que acaba em age… ah!, pois, a inauguração.
- x -
No fim da extensa lista que aqui não teria lugar, há aqueles de nós que não têm dinheiro, não têm miolos, não têm estudos, não acreditam no elevador social da política, não têm o que quer que seja além da enorme vontade de que alguém lhes diga que são alguém. Pelo menos, algo mais do que o outro que mora ao lado e cuja única afinidade connosco é o vazio imenso, o vazio de tudo, um vazio tão grande que não temos dinheiro para preencher com casotas, com ferrares, com trapos, com palmeiras, piscinas e long drinks; só, mesmo, com os pistachos e as jolas. Um vazio tão grande que já nem pode ser preenchido pelas emoções primárias que põem milhões aos urros e à batatada dentro e fora de um estádio de futebol.
A estes de nós, resta a ilusão da transcendência, da elevação daquela
ilusão a que chamam espírito, não por qualquer manifestação do mesmo, mas
pela sensação de pertença a quem um dia, algures, nos há de compensar de
tanto sofrimento, a quem devemos cega obediência, ainda que à custa das
maiores atrocidades e violências sobre o próximo, embora sem saber o que
essa providencial divindade ao certo quer de nós.
Ou melhor: sabemos porque nos disseram, porque nos disse alguém que
fomos ouvir falar naquela reunião prenhe de elementar misticismo e havida
num ambiente de paupérrima encenação, em que um chefe religioso de olhos
esbugalhados, aura impiedosa e sorriso cínico nos enviou a fazer explodir em
bombas uma interpretação espúria e despudoradamente manipulada da mensagem
do Além.
A missão consiste em impor, pela força, a mensagem aos
resistentes, privando-os das formas mais elementares de liberdade que apenas
subsistem nas vidas e nas mentes retrógradas e estúpidas dos alucinados
ideólogos e promotores.
- x -
Quando a divindade tornada fera implacável inventada por uma torpe interpretação das escrituras pede com mais força que os bravos alarves aniquilem os detratores daquilo a que chamam fé, os americanos não gostam do exagero não autorizado nas conversações – três mil conterrâneos mortos, caramba, é demais! - e entram por ali dentro para garantir que os outrora aliados ficam sossegadinhos pelo menos durante um prazo razoável para que aquele disparate do estupor do Bin Laden em Setembro se desvaneça um pouco da memória das dóceis e ditas civilizadas formigas dos States, tão dóceis como as que civilizadas não são - no resto do Mundo, claro.
Enquanto lá estão a aplicar o corretivo, ocupam pela força, impõem as suas
regras, libertam… os corpos, apenas os corpos.
Por ser nada mais do que a restrição da liberdade dos corpos, a mudança resultante da ocupação é ilusória e efémera. Os invasores não educam, não procuram aproximar-se, entender, dedicar àqueles que andam naquilo contrariados uma palavra amiga, um diferente olhar, enfim, algo que os afaste do arrepiante caminho que escolheram ou os obrigaram a trilhar (não muito mal comparando, até faz lembrar a recente legislação publicada sobre a alimentação nas escolas cá da terrinha, feita à pressa e que, em lugar de educar, se limita a proibir).
Depois, cansam-se os americanos de esbanjar dólares com a
presença militar, os aliados e também fazem contas aos
euritos, aquilo já não faz sentido, eles já devem ter aprendido a
lição, e… Butes? Bora lá!
Começa, então, a debandada daqueles que acreditaram ter vivido o ideal da
liberdade, o maior sonho das suas pobres vidas prestes a acabar pela força,
ou a ser brutalmente desalojadas pela fuga num avião de carga americano
qualquer, possibilidade única de sobreviver para ir alimentar o mesmo sonho
noutra terra também qualquer.
- x –
Por cá, as autárquicas estão aí à porta e, com elas, a vazia e
desoladora campanha habitual.
Para a semana há reunião da concelhia.
Tenho de mandar lavar o carro novo que tá parado à porta.
Aquilo é giro, pá, e tu mereces melhor do qu’ó que tens!
Hádes vir também!
* *
A par de toda esta triste figura que não passa, afinal, do resultado de uma necessidade quase compulsiva de seguir os ídolos, a moda, continuam estas pessoas a querer passar por originais, diferentes, alguém digo de se contemplar com admiração.
quarta-feira, 18 de agosto de 2021
Agostinho da Silva
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