Será, no entanto, caso para lembrar que este espécime ainda existe, se
já não muito frequente na forma aparente, pelo menos largamente
disseminado no conteúdo que não consegue dissimular; que lhe sai pelos
poros mesmo sem transpirar.
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Poucas diferenças existirão entre o tuga parolo da peça e
aquele que põe o cachecol para ver a bola - ao ritmo de uma
jola ruidosamente vertida pela goela e acompanhada dos
inevitáveis amendoins e pistachos, bem como pela
eructação de fluidos que o não ensinaram a travar -, na descomunal
têvê que vai ficar a vida inteira a pagar, sem saber bem porquê.
Ou entre ele e aqueles palermas que, em pleno Verão, por aí andam em
Lisboa enfiados em capas negras de Coimbra, a lembrar a toda a gente
que, afinal, ainda não são doutores, e que a grande maior parte irá, um
dia, fazer companhia a milhares de outros jovens enganados que, pelos
call-centers, os canudos de Bolonha andam a larear.
Ou os que dizem há-des e há-dem; e os que, em vez do
a sério que ensinam na escola, aprenderam naquele anúncio dos
gelados o mais moderno - mas errado - à séria, e
vão ao restaurante a que chamam dos ricos fazer figuras tristes,
apenas para mostrar que não sabem estar.
Dolorosamente, um tuga, é e será sempre um tuga, sem tirar
nem pôr e por mais títulos de campeão ou capas negras, ou licenciaturas
com ou sem mestrados integrados com que o queiram adornar.
Pode ser ensinado, mas, como se acha maravilhoso, nunca investirá em se
formar, cultivar, educar... Mesmo milionário e famoso, sempre exibirá
aquele olhar desambientado, aquela carantonha parada, a boca escancarada
de quem não entende patavina do que à sua volta se está a passar, do
ambiente que não entende estar, com a ajuda da sua mota de escape
aberto, a colapsar.
Sorri à própria falta de encanto e de graça, enquanto acena com os maços
de notas e com as coisas caríssimas e horríveis que um punhado de
aldrabões lá o convenceu a comprar.
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Ainda há dias passei no Campo Grande e vi todos aqueles infelizes sem
futuro a destilar, ao Sol dos primeiros dias de Agosto, nas pategas
capas pretas que os pais fizeram mais um sacrifício para poder comprar.
Fez-me lembrar de que ainda há coisas capazes de fazer um velho chorar.
Fonte da imagem: Google