segunda-feira, 6 de setembro de 2021


Herman Enciclopédia: O Português


Herman Enciclopédia - O Português

"Sabe-se tão pouco do misterioso 'homo lusitanus',
conhecido comummente como 'português'...
"

Magistral caricatura da Herman Enciclopédia*), protagonizada por José Pedro Gomes*), que personifica um tuga do mais boçal, retrógrado e alarve que se pode imaginar.

Será, no entanto, caso para lembrar que este espécime ainda existe, se já não muito frequente na forma aparente, pelo menos largamente disseminado no conteúdo que não consegue dissimular; que lhe sai pelos poros mesmo sem transpirar.

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Poucas diferenças existirão entre o tuga parolo da peça e aquele que põe o cachecol para ver a bola - ao ritmo de uma jola ruidosamente vertida pela goela e acompanhada dos inevitáveis amendoins e pistachos, bem como pela eructação de fluidos que o não ensinaram a travar -, na descomunal têvê que vai ficar a vida inteira a pagar, sem saber bem porquê.

Ou entre ele e aqueles palermas que, em pleno Verão, por aí andam em Lisboa enfiados em capas negras de Coimbra, a lembrar a toda a gente que, afinal, ainda não são doutores, e que a grande maior parte irá, um dia, fazer companhia a milhares de outros jovens enganados que, pelos call-centers, os canudos de Bolonha andam a larear.

Ou os que dizem há-des e há-dem; e os que, em vez do a sério que ensinam na escola, aprenderam naquele anúncio dos gelados o mais moderno - mas errado - à séria, e vão ao restaurante a que chamam dos ricos fazer figuras tristes, apenas para mostrar que não sabem estar.

Dolorosamente, um tuga, é e será sempre um tuga, sem tirar nem pôr e por mais títulos de campeão ou capas negras, ou licenciaturas com ou sem mestrados integrados com que o queiram adornar.

Pode ser ensinado, mas, como se acha maravilhoso, nunca investirá em se formar, cultivar, educar... Mesmo milionário e famoso, sempre exibirá aquele olhar desambientado, aquela carantonha parada, a boca escancarada de quem não entende patavina do que à sua volta se está a passar, do ambiente que não entende estar, com a ajuda da sua mota de escape aberto, a colapsar.

Sorri à própria falta de encanto e de graça, enquanto acena com os maços de notas e com as coisas caríssimas e horríveis que um punhado de aldrabões lá o convenceu a comprar.

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Ainda há dias passei no Campo Grande e vi todos aqueles infelizes sem futuro a destilar, ao Sol dos primeiros dias de Agosto, nas pategas capas pretas que os pais fizeram mais um sacrifício para poder comprar.

Fez-me lembrar de que ainda há coisas capazes de fazer um velho chorar.

Fonte da imagem: Google















(Fonte da imagem: Google)
2 comentários:
  1. Aceitei o convite e vim aqui espreitar, mas isto aqui tem leitura para muitas horas, talvez até muitos dias. Prometo que hei-de cá voltar!

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    1. Muito grato pela visita, e por ter comunicado, também.
      Será sempre bem-vindo quando quiser voltar.

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