"Sabe-se tão pouco do misterioso 'homo lusitanus',
conhecido
comummente como 'português'..."
Magistral caricatura da
Herman Enciclopédia*), protagonizada por
José Pedro Gomes*), que personifica um tuga do mais boçal, retrógrado e alarve que
se pode imaginar.
Será, no entanto, caso para lembrar que este espécime ainda existe, se
já não muito frequente na forma aparente, pelo menos largamente
disseminado no conteúdo que não consegue dissimular; que lhe sai pelos
poros mesmo sem transpirar.
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Poucas diferenças existirão entre o tuga parolo da peça e
aquele que põe o cachecol para ver a bola - ao ritmo de uma
jola ruidosamente vertida pela goela e acompanhada dos
inevitáveis amendoins e pistachos, bem como pela
eructação de fluidos que o não ensinaram a travar -, na descomunal
têvê que vai ficar a vida inteira a pagar, sem saber bem porquê.
Ou entre ele e aqueles palermas que, em pleno Verão, por aí andam em
Lisboa enfiados em capas negras de Coimbra, a lembrar a toda a gente
que, afinal, ainda não são doutores, e que a grande maior parte irá, um
dia, fazer companhia a milhares de outros jovens enganados que, pelos
call-centers, os canudos de Bolonha andam a larear.
Ou os que dizem há-des e há-dem; e os que, em vez do
a sério que ensinam na escola, aprenderam naquele anúncio dos
gelados o mais moderno - mas errado - à séria, e
vão ao restaurante a que chamam dos ricos fazer figuras tristes,
apenas para mostrar que não sabem estar.
Dolorosamente, um tuga, é e será sempre um tuga, sem tirar
nem pôr e por mais títulos de campeão ou capas negras, ou licenciaturas
com ou sem mestrados integrados com que o queiram adornar.
Pode ser ensinado, mas, como se acha maravilhoso, nunca investirá em se
formar, cultivar, educar... Mesmo milionário e famoso, sempre exibirá
aquele olhar desambientado, aquela carantonha parada, a boca escancarada
de quem não entende patavina do que à sua volta se está a passar, do
ambiente que não entende estar, com a ajuda da sua mota de escape
aberto, a colapsar.
Sorri à própria falta de encanto e de graça, enquanto acena com os maços
de notas e com as coisas caríssimas e horríveis que um punhado de
aldrabões lá o convenceu a comprar.
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Ainda há dias passei no Campo Grande e vi todos aqueles infelizes sem
futuro a destilar, ao Sol dos primeiros dias de Agosto, nas pategas
capas pretas que os pais fizeram mais um sacrifício para poder comprar.
Fez-me lembrar de que ainda há coisas capazes de fazer um velho chorar.
Fonte da imagem: Google
(Fonte da imagem: Google)
Aceitei o convite e vim aqui espreitar, mas isto aqui tem leitura para muitas horas, talvez até muitos dias. Prometo que hei-de cá voltar!
ResponderEliminarMuito grato pela visita, e por ter comunicado, também.
EliminarSerá sempre bem-vindo quando quiser voltar.