Imagem: Memoriale*) |
Farsa portuguesa de 1954, dirigida por João Mendes e com roteiro de
Henrique Santana*),
Vasco Santana*) e
Francisco Ribeiro*).
Trata-se da penúltima obra cinematográfica com Vasco Santana, provavelmente, a
mais bem conseguida produção portuguesa da época, sendo um filme em que a
tradicional ingenuidade pobrezinha dá lugar a um trocadilho magistralmente
conseguido em torno das peripécias de um rude português, então negociante em
África, de visita a um sobrinho na Metrópole.
Merece especial destaque o desempenho de
Erico Braga*), no papel de Barão de Espinhosel, sem esquecer a cena da cabina telefónica,
com a eterna
Teresa Gomes*)em mais um inconfundível papel. Integram, ainda, o elenco principal
Laura Alves*)e Ribeirinho.
Algumas passagens serão suscetíveis de causar arrepios a alguns mais
radicais autoproclamados defensores das minorias, o que poderá ter levado
a que o filme fosse menos divulgado do que outros que o não merecessem tanto.
Mas "O Costa d'África" deve ser olhado, não como uma defesa do racismo, antes
como uma sátira que visa, bem pelo contrário, ridicularizar a personalidade de
pessoas bastante elementares que viviam a explorar economicamente as
populações das colónias portuguesas de então.
Não deixe de ver, se lhe faz falta uma boa gargalhada e não é daqueles que,
para se darem uma aura intelectualoide, aturam xaropadas indescritíveis em
alguns dos chamados filmes de qualidade, e coram de vergonha quando não
conseguem evitar o riso com os menos elaborados filmes velhinhos de
produção portuguesa.
* *
Gargalhadas à parte, o antirracismo continua a ser, para uns, uma nobre causa que cumpre defender; para outros, um mero palco privilegiado para exibir o oportunismo de quantos procuram, a todo o custo, uma montra, ou uma aparência e militância que permita adiar por mais uns tempos a extinção política.