"A mente de um fanático é como a pupila do olho:
quanto mais a iluminamos, mais se contrai"
"The mind of a bigot to the pupil of the eye;
the more light you pour on it, the more it contracts"
O pavor da simples possibilidade de estarmos errados ou de estar errado quem
admiramos - e de ter de o admitir... -, faz-nos contrair a mente até ao mais
básico estado de negação de algo em que não queremos acreditar, em que não
suportamos ter de acreditar.
Ao mesmo tempo, cada vez mais, a falta de ideias originais tende a exacerbar
a necessidade de defesa de outras já muito estafadas, em que a discussão
social e política gira mais em torno da paixão e do clubismo do que
da sobriedade e da racionalidade que deveria, em princípio, distinguir o ser
humano dos restantes animais.
Mais propício se torna, assim, esta conjuntura a que a defesa preferida de um fanático seja fechar-se na exaltação dos seus heróis e na repetição ad nauseam dos dogmas que religiosamente segue, naqueles inspirados. Tal ocorre, sobretudo, quando vê atacadas as suas ideias mais ou menos inaceitáveis, mais ou menos loucas, apressando-se a rejeitar à partida quanto se lhes oponha, ainda que baseado em informação mais fidedigna e elaborada a partir dos dados mais objetivos.
Faz lembrar as reações de certos indefectíveis admiradores de alguém
recentemente falecido em cuja bondade de intenções e elevação de princípios,
apesar de toda a evidência legalmente validada que há muito tempo as negava,
escolhem continuar, obstinadamente, a acreditar, um pouco como acontece
como, perante um crime ou uma séria ilegalidade cometida por um astro da
bola que, apesar de tudo, continuamos a idolatrar.