sexta-feira, 5 de novembro de 2021


Lisboa - Rua Maria Pia


A Rua Maria Pia corresponde à fileira de edifícios no topo da encosta


A Rua Maria Pia*) corresponde à fileira de edifícios no topo da encosta do Casal Ventoso, do lado direito da imagem, outrora parte da então chamada Estrada da Circunvalação de Lisboa*), que continuava pela Rua Marquês de Fronteira, São Sebastião da Pedreira, Avenida Duque de Ávila, Rua Visconde de Santarém e Rua Morais Soares, até ao Rio Tejo, no início da Avenida Dom Afonso III.

Criada no primeiro ano do século XX, estende-se a Maria Pia por mais de dois quilómetros, ligando a Triste Feia, em Alcântara Terra, à Rua do Arco do Carvalhão, em Campolide.

Parte dela foi, durante vários anos, considerada zona de risco, dada a proximidade ao Bairro do Casal Ventoso, então diariamente procurado por milhares de traficantes e consumidores de estupefacientes, até que, entre 1997 e 2002, foi o bairro desmantelado, a zona foi intervencionada*) e o problema supostamente resolvido - embora recentes testemunhos de moradores*) neguem, que assim seja*), ou alguma vez venha a sê-lo.

Nos últimos anos, têm, por outro lado, ocorrido sinais de alarme quanto à estabilidade do terreno*) e, naturalmente, dos edifícios nele edificados*).

Desafios velhos para o novo Presidente da Câmara Municipal de Lisboa...

quinta-feira, 4 de novembro de 2021


Não Basta Ser...

Depois de ler a notícia, dei comigo a perguntar-me sobre a razão pela qual, por muito entusiasta que possa ser do tema - e é -, terá um outrora coordenador da assim denominada task force da vacinação contra a COVID-19 sido convidado a discursar no WebSummit sobre a sua recente e muito bem sucedida experiência.

Mais admirado fiquei quando soube que a plateia ultrapassava apenas a escassa centena de pessoas, contrastando, fortemente, com o significativo relevo mediático que a iniciativa mereceu.*)

Não teriam o tempo e o esforço sido mais bem empregues noutro qualquer evento onde o Senhor Vice-Almirante pudesse passar a sua importante mensagem a uma plateia bem maior e, até, dela mais necessitada do que um punhado de portugueses supostamente esclarecidos e suficientemente afortunados para ter meios para ali estar?

Lembrei-me, depois, da importância que o certame tem para certos políticos e politiqueiros aqui do nosso Retângulo, onde muitos deles por gente séria já nem tentam passar e sabem mais do que bem que, como também já aqui disse, em política é insensato dar força a uma pessoa sem também nos prepararmos para mais tarde podermos vencê-la

A nossa glória nunca é eterna, e, enquanto dura, sempre haverá outros que dela se saberão aproveitar.

Ocorreu-me, também, que o Senhor Vice-Almirante, a quem todos tanto devemos - mesmo os mais básicos negacionistas...*) -, foi perentório e inequívoco ao exprimir o firme propósito de jamais se dedicar à política; mas ocorreu-me, também, que, não obstante, a aparição naquele meio restrito inevitavelmente traria chorudos proventos em votos expressos a certos políticos habitualmente associados à promoção do Web Summit. Ou não será?

Claro está que o ilustre Oficial é senhor de discernimento mais do que suficiente para ter consciência de tudo isto e, mesmo que o não tivesse, certamente não necessitaria de um recém-nascido blogueiro para o aconselhar. Tampouco deixará de saber como, do ponto de vista emocional, lidar com desmandos parolos do género "Você é o meu herói!"*), sempre apetitoso fruto para aqueles que tendem a olhar para a mais ínfima manifestação de mediocridade como uma fabulosa notícia que num canal qualquer não resistirão a pespegar.

Convirá, no entanto, que, por um lado, se não esqueça facilmente da patifaria que, muito recentemente, lhe fizeram ao nomearem-no Chefe do Estado-Maior da Armada*) quando o lugar estava ocupado e continuaria a estar; e, por outro, que tenha presente que a participação em eventos deste impacto político e mediático, porquanto com uma quantidade de espetadores tão reduzida, poderá soltar as habituais más-línguas, que não deixarão de lucrar com a oportunidade de, aqui e ali, deixar mais um artigo de opinião ou de ir mostrar-se a uma estação televisiva que lhes pague bem para se deliciarem a especular sobre um assunto que, naturalmente, assentará em substância nenhuma, o que nem por isso os desencorajará.

Penso que ninguém terá qualquer motivo para duvidar da hombridade, da idoneidade, da retidão e da honestidade do distinto Oficial da Armada. Mas, Senhor Almirante, foi há muito tempo já que a mulher de César descobriu que não basta ser: é preciso parecer.

Sempre.

 

Atualização: Impasse na Carreira de Gouveia e Melo na Armada*) (07nov2021)

quarta-feira, 3 de novembro de 2021


O Caos Seria a Alternativa...

Não há como não nos sensibilizarmos perante a angústia de pais que, apenas por quererem educar os seus filhos de acordo com as suas convicções, tenham acabado por provocar a reprovação dos mesmos na sua vida académica, como aconteceu no caso bem conhecido daquela família de Vila Nova de Famalicão.*) Nem perante os anos de prejuízo que a sua vontade de combater ideologias absolutamente espúrias à mais elementar ideia de democracia aos jovens estudantes não deixarão de provocar.

No entanto, mesmo sem conhecer o processo, não me ocorre como poderia um tribunal vinculado a decidir no estrito cumprimento da lei, deixar de indeferir o pedido de providência cautelar, da mesma forma que não vejo como poderá outro tribunal deixar de prolatar uma decisão definitiva em desfavor da pretensão da família, pretensão essa moralmente legítima mas legalmente inadmissível.

Como alguém, que anteriormente citei, recentemente disse, "um juiz, quando vesta a toga, tem de despir as suas convicções".*)

Não é, pois, o sistema judiciário que deve ser responsabilizado, mas sim um Governo que, focado em garantir a sua permanência no poder durante esta meia dúzia de anos que agora finda, sempre tendeu a ceder, com a maior das facilidades, a sucessivas exigências de uma extrema-esquerda radical, também ela preocupada com a sobrevivência política de ideias completamente desfasadas da realidade e da prossecução do bem-estar e da estabilidade das populações.

Não obstante insistir em declarar-se democrática, essa esquerda radical continua a agir sem qualquer contemplação pela vontade e pelos valores defendidos pela maioria, a procurar impor ideologias e originalidades sem qualquer justificação, substância ou conteúdo, à partida condenadas a permanecer tanto tempo na memória dos vindouros quanto qualquer irrelevante banda de garagem alguma vez permaneceu no top de vendas apenas porque resolveu que, pelo simples facto de existir, tanto mérito merecia quanto os The Beatles, os Bee Gees ou outros de igual valor.

Por muito que nos revolte a situação daí resultante, podemos, naturalmente, insurgir-nos e indignar-nos quando confrontados com ela, mas haverá que considerar que sempre será preferível a um Estado levado à anarquia pela eventual capacidade de qualquer cidadão discordante das opções políticas de quem governa poder, por um simples ato de vontade, ignorá-las e agir como muito bem entendesse, lançando no caos social e económico o que, a breve trecho, deixaria de ser um país, para se tornar, ainda mais do que agora, numa monstruosa amálgama de interesses.

Em democracia, a vontade popular manifesta-se através de canais próprios e há muito consagrados, designadamente por via do voto sempre que são convocadas eleições.


Outros temas que poderão interessar-lhe no Mosaicos em Português:
- A injusta e evitável desproporcionalidade na fixação do valor de coimas e multas' Leia AQUI
- Pensamento sobre a imparcialidade dos tribunais Leia AQUI



Erle Stanley Gardner


Stanley Gardner
"Não é preciso ver um homem, olhar o seu rosto, apertar-lhe a mão e ouvi-lo falar, para o conhecer. Basta observar como se comporta. Podemos vê-lo através dos olhos dos outros"

"You don’t need to see a man, look in his face, shake his hand, and hear him talk, in order to know him. You can watch the things he does. You can see him through the eyes of others"

Erle Stanley Gardner*)
The Case of the Silent Partner


Não sei porquê, ao ler isto, vieram-me à memória aquelas carantonhas inenarráveis que, durante semanas a fio, diretamente - e não através dos olhos dos outros - sempre temos de contemplar em milhares de cartazes da campanha para as eleições autárquicas.

Mas não são, apenas, feios: vê-se logo, naqueles olhares fixos, vazios, o real grau de capacidade e de competência para gerir nem que fosse a mais insignificante autarquia, atributos que, aliás, os debates entre candidatos tragicamente confirmam.

Há também aqueles com o tradicional ar de chicos espertos, de candidatos à perda prematura do mandato, que só não é mais rápida porque, no nosso Torrão Natal, a justiça é lenta como a alguns convém, e o sistema judiciário vive à míngua de esmolas que lhe são lançadas pelos sucessivos orçamentos do Estado.

O arquivo Ephemera*) conserva um vasto acervo, cuja visita recomendo, de imagens de cartazes ilustrativos das mais recentes campanhas eleitorais autárquicas. Diz-se que, quem vê caras, não vê corações, mas até uma vista de olhos superficial por aquela galeria nos fará entender a profundidade do pensamento de Stanley Gardner sobre o assunto...

Não se assustem!...

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Por outro lado, o que vemos através dos olhos dos outros, designadamente dos da comunicação social, diz-nos muto, sobretudo acerca do caráter, da personalidade, da eventual bondade cívica das figuras públicas de políticos, de desportistas, de comunicadores, de toda essa gente que não conhecemos pessoalmente mas, mesmo assim, muitos de nós idolatram, talvez não tanto por aquilo que parecem ser, mas pelo bem que esperamos que nos possam trazer ou fazer.

Já parece preocupar-nos cada vez menos o que outros leiam de nós através daquilo de que, pelo nosso comportamento, se possam aperceber, preferindo, quantas vezes, mostrar o que comprámos, o que temos e que, na maior parte dos casos, connosco pouco ou nada tem a ver.

Vivemos, em suma, numa época de primado da imagem pessoal e institucional, quase sempre manipulada, logo, desprovida de significação válida, resultando num mero e desprezível engodo, num logro onde já só cai mesmo quem preferir fazer de conta que não está a entender.

O que pretendemos, afinal: ser, ou... apenas parecer?

terça-feira, 2 de novembro de 2021


As Casas Assombradas de LIsboa

Estarão assombrados? Serão malditos?

O que aconteceu para por lá ficarem tanto tempo, naquele estado lastimoso, estes mamarrachos que ainda assombram a Avenida Fontes Pereira de Melo, em Lisboa?

As Coisas Deixam Marcas
Só recentemente, em vésperas de eleições autárquicas e na última reunião do mandato, a Câmara Municipal lá terá aprovado, finalmente, um projeto*) para arrasar com o miolo de tudo aquilo, mantendo, no entanto, as fachadas, com aquelas caixas de vidro por trás, que ficam tão bem, não ficam? Sim, porque não se espere que os prédios fiquem só com aqueles andares...

Irão conservar os graffiti?

Já se sabe que o anterior Presidente da Câmara - futuro ministro e, se tudo lhe correr bem apesar de tudo, talvez, um dia, primus inter pares - primava pela irascibilidade, pela antipatia, pela arrogância e, já agora, pela incompetência, também. Não é, pois, de admirar que as coisas se arrastassem anos a fio no seu mandato, embora se trate de uma herança de outros que por lá passaram antes dele.

As Três Casas Assombradas da Fontes Pereira de Melo
Será que, com todos os seus bons propósitos, o novo Presidente terá garra e vontade para fazer andar o projeto? Será que não valerá a pena, por outro lado, adiar um pouco as coisas a fim de pôr a descoberto uma ou outra negociata latente que possa interessar a quem se dedica ao estudo dessas coisas de colarinho branco de que tanto se fala?

Não nos esqueçamos de quem por lá andou a mandar no urbanismo até há um par de anos. E estas coisas deixam marcas.

Se deixam...




segunda-feira, 1 de novembro de 2021


Almeirim - Estação de Correios

 

Estação de Correios de Almeirim

Tal como anunciei na Apresentação*), irei afixar aqui, preferencialmente às Segundas-feiras e alternando, nesse dia, com as "Obras de Arte", postais antigos de um lote que encontrei num daqueles cantos da casa onde, volta e meia, descobrimos coisas que nem imaginávamos que andassem por lá.

Acrescentarei, em alguns casos, um ou outro comentário ou ligação para página alusiva na Internet, sempre que entenda que tal se justificará.

Embora não sendo seguido qualquer critério na apresentação dos postais, começo pelo primeiro da ordem alfabética, Almeirim, cuja estação dos correios ainda hoje funciona no mesmo local de quando foi obtida esta imagem, sabe-se lá há quantos anos já...