Aquilino RIbeiro*)
(Quando os Lobos Uivam)
Por alguma estranha razão, quando leio coisas destas, lembro-me logo de certas pessoas que deambulam sem rumo a exibir os glúteos nas redes sociais, os bólides à porta dos estádios, as toilettes nos chamados picadeiros, os milhões sabe-se lá como amealhados, e outras tantas foleiradas de cultivadores da própria imagem, quantas vezes pendurados, com as suas famílias, no crédito necessário à aquisição destas máscaras e fantasias que não dispensam no seu eterno e humanamente desolador Carnaval dos Animais.
Lembro-me, também, daqueles políticos profissionais que nada mais fizeram na vida do que ser políticos profissionais, o que quer que tal coisa possa querer dizer; e temo o efeito que um governo recheado de pessoas destas - alcandoradas ao poleiro, não por especial competência ou mérito, mas como forma de retribuição pelos serviços prestados à maioria absoluta instituída - possa vir a provocar sobre um país conformado, anestesiado e em estado de negação quanto à manifesta irresponsabilidade de quem parece obstinar-se em aplicar tão irresponsável critério à escolha daqueles por quem tão grandes responsabilidades irá distribuir.
Na situação em que o Mundo se encontra, e em pleno período crítico de aplicação de fundos externos generosamente distribuídos,Portugal carece de rigor, de princípios, de disciplina, de valores.
Tudo isto é incompatível com a simples ideia de ter irredutíveis janotas a governar.